A Minha Catedral
Eram dias de muita luz, as noites cheias de paixão e sonhos. A gente andava pela cidade, eu te mostrava a minha Porto Alegre, era a dona daquelas belezas e dos recantos românticos onde a gente namorava. Tudo era novidade para ti, eu nem contava que estava sendo novidade para mim, que olhava pelo teu olhar.
Lá em cima estava a Catedral Metropolitana. Entramos, eu queria te mostrar os Anjos de Locatelli. Era estranho entrar na igreja, éramos tão ateus naqueles dias, senão pagãos. Entramos mudos pela nave imensa, olhos perdidos naquela cúpula incrível, das maiores do mundo, nossas mãos grudadas numa promessa, das maiores do mundo
Sentados nos primeiros bancos, te falei nem sei porque: vamos nos casar aqui? Era uma pergunta sobre promessas de futuro, e tu me respondeste, profundamente como só tu sabe fazer: nós já estamos nos casando... Eu me calei, fui sentindo arrepiada as coisas que se pensa quando está casando de verdade, com seu amor.
E sempre quando te perguntava: quando vamos nos casar? respondias: nós já estamos casados... eu me calava, lembrando da Catedral, dos Anjos.
E hoje eu quero te dizer que os tempos mudaram, há um no ar um desamor que vem de alguém, de algum lugar, mas te afirmo que não é de nós. O nosso amor está prometido, garantido e abençoado lá na Catedral, e é só entre nós e os Anjos de Locatelli.
